Percurso histórico com personalidades femininas de Veneza
Veneza, durante muitos séculos, viveu do comércio marítimo. Por isso, os homens da cidade passavam muito tempo, até mesmo anos, nas viagens comerciais em locais muito distantes. Isso induziu as mulheres venezianas a buscarem uma certa independência, muito antes que isso acontecesse em outros lugares do mundo.
Antigamente existia uma lei em Veneza que garantia às mulheres que estivessem em seu leito de morte o direito de fazerem oralmente o seu testamento sem que o marido estivesse presente. Assim, elas teriam mais liberdade para fazer o seu testamento sem serem persuadidas pelo cônjuge.
Veneza vai mais além: incrível imaginar, mas em pleno período medieval, as mulheres venezianas podiam administrar a própria empresa sem depender dos maridos.
Falando em mulheres, que tal conhecer rapidamente algumas dessas venezianas que fizeram história?
Começaremos por Marietta Barovier, artista do vidro, veneziana e filha do grande artista do vidro Angelo Barovier. Ela e seu irmão Giovanni herdaram a oficina da família em 1460 tendo sido ela a artista que criou e desenvolveu um design que renovou a arte do vidro de Murano criando um tipo de pérola que ainda é amplamente copiada, a chamada Rosetta 🏵.
Marietta Barovier
Verônica Franco, cortesã de luxo, intelectual e poeta. Nasceu em 1546 em uma família de classe média. Era normal naquela época que meninas de classe média fossem instruídas pelas próprias mães a serem “cortesãs honestas”, ou seja, prostitutas de luxo. Elas estudavam, falavam várias línguas, tinham dotes musicais e sabiam ler e escrever. Verônica escreveu, em pleno século XVI, que “nós mulheres devemos ter mais consciência no que nós realmente somos”.
Peggy Guggenheim (26 de agosto de 1898 - 23 de dezembro de 1979) seu nome verdadeiro era Marguerite. Filha de uma família de milionários norte-americanos, seu pai era o empresário Benjamin Guggenheim, que morreu no naufrágio do Titanic em abril de 1912. Peggy seguiu a tradição do tio, Salomon R. Guggenheim, fundador de um museu em Nova York. Foi uma das colecionadoras de arte com um estilo de vida excêntrico que atraiu também a atenção pública adquirindo, entre 1938 e 1979, obras dos artistas contemporâneos mais importantes, como Pablo Picasso, Georges Braque, Fernand Léger, Vasili Kandinsky, Paul Klee, Marc Chagall e Kurt Schwitters. Os artistas mais representados em sua coleção são Max Ernst, seu marido nos anos 40, e Jackson Pollock, a quem ajudou na primeira exposição. Sua coleção, que após a sua morte passou para a fundação Salomon R. Guggenheim, pode ser visitada desde 1949 no Palácio dos Leões, em Veneza, local por ela tao amado e que foi sua residência nos últimos 20 anos da sua vida.
Moderata Fonte nasceu em 1555, fazia poesias com viés feministas. Moderata Fonte era pseudônimo de Modesta di Pozzo di Forzi, também conhecido como Modesto Pozzo, seu pseudônimo masculino. Órfã de pai e mãe, viveu até os 9 anos em um convento e quando foi viver com a avó começou a estudar os livros do marido da avó e os estudos de gramática do irmão. Faleceu com apenas 37 anos enquanto tinha o seu quarto filho e ficou conhecida pelos diálogos publicados após a sua morte, “Justiça das mulheres” e “O mérito das mulheres”.
Elena Cassandra Tarabotti nasceu em 1604. Foi obrigada a se converter e nominada como freira Arcângela. Destemida, debateu com um homem toscano que alegava que as mulheres não tinham alma. Ótima escritora, elaborou textos sustentando a independência econômica das mulheres e apresentou uma série de obras com motivações sociais, econômicas e políticas da condição das mulheres venezianas da sua época. Dentre suas obras estão “A tirania paterna”, “O inferno monacal”, “Antissátira” e “Que as mulheres sejam da espécie dos homens - Defesa da mulher”.
Elena Lucrécia Corner, também no final do século XVII, nasceu em 1646 e foi a primeira mulher a se formar em uma universidade no mundo! Proveniente de uma família muito nobre e que favoreceu, de diversas formas, a sua educação. Estudou filosofia, teologia, grego, latim, hebraico e espanhol. Se formou em 1678 em filosofia na Universidade de Pádua, mas por ser mulher nunca pôde ensinar. Depois dela, a segunda mulher que conseguiu se formar na Itália foi Laura Bassi, somente em 1732.
E como última, mas não menos importante mulher veneziana que fez história, temos Elisabetta Caminer, nascida em 1751. Foi a primeira mulher jornalista na história, fundando seu próprio jornal, o Jornal Enciclopédico.
Quantas mulheres maravilhosas nasceram aqui em Veneza! Conta aqui nos comentários se você já conhecia alguma delas e se tem alguma outra sugestão para alimentarmos ainda mais essa lista incrível de mulheres que revolucionaram e continuam fazendo história nos dias de hoje.
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